VILA DE IGUASSU - UM NOVO OLHAR


Edson Ribeiro durante visita técnica ao Sítio Histórico da Extinta Vila de Iguassu-julho, 2010-Foto: CLARINDO


CARÍSSIMOS,


O GRUPO "AMIGOS DO PATRIMÔNIO" REALIZOU ALGUMAS EXPEDIÇÕES DE CAMPO E PESQUISAS EM LIVROS E FONTES PRIMÁRIAS E TEM DESCOBERTO MUITAS COISAS INTERESSANTES SOBRE A HISTÓRIA DA VILA. SÃO NOVAS CONCEPÇÕES QUE FAZEM REFLETIR SOBRE O QUE SABEMOS ATÉ HOJE. NOVAS RUÍNAS IDENTIFICADAS E UM NOVO OLHAR SOBRE ASPECTOS QUE ATÉ ENTÃO NÃO TEMOS VISTO.

Ruínas do Cemitério de Iguaçu Velha-Jul.2010-Foto CLARINDO



QUEREMOS PARTILHAR PARA ESTIMULAR O DEBATE. ASSIM, ESTAMOS PROMOVENDO UMA EXCURSÃO À VILA, INDO A LOCAIS ATÉ AGORA NÃO VISITADOS PARA CONHECERMOS OUTRAS RUÍNAS E OUTROS OLHARES. A EXCURSÃO SERÁ CONCENTRADA NA REGIÃO, FOCADA ENTRE VILA DE CAVA E TINGUÁ. CONHECEREMOS ENTRE OUTRAS COISAS, A FAZENDA DA OLARIA, O ENGENHO DO CAMARISTA, DIVERSOS PORTOS, POÇOS, UMA SUPOSTA CASA DA CÂMARA, UMA PRAÇA, O RANCHO DO BENFICA (TÃO FALADO POR S.HILAIRE), ETC. A SEQUENCIA DAS PARADAS SERÁ DETERMINADA POR UMA LINHA CONCEITUAL HISTÓRICA QUE PROPOMOS. É UMA BOA PEDIDA PARA ALUNOS DE CURSOS DE HISTÓRIA E PARA OS DEMAIS INTERESSADOS.

Torre sineira da Igreja de N. S. da Piedade do Iguassu-Acervo CLARINDO



A PROPOSTA É FAZER A EXCURSÃO EM OUTUBRO. OBVIAMENTE A EXCURSÃO TERÁ UM CUSTO, IMAGINAMOS ENTRE 20 E 30 REAIS. INICIALMENTE QUEREMOS VER A RECEPTIVIDADE DO PÚBLICO PARA A PROPOSTA. SE VC ESTÁ INTERESSADO, DEIXE SEU RECADO. VENHA PARTICIPAR E NOS AJUDAR NESSE NOVO PENSAR.


ABRAÇOS,


EDSON
AMIGOS DO PATRIMONIO CULTURAL


Vila de Iguaçu-Mapa (1837)
Fazenda São Bento e Capela de N. S. do Rosário-Jul.2010-Acervo CLARINDO

C O M U N I C A D O


Prezados amigos

Equipe em ação nas ruínas da Fazenda São Bernardino-Jul.2010-Acervo CLARINDO

Comunicamos a todos que, devido ao curto prazo de tempo para cumprir burocracia de permissão de uso de solo municipal, o nosso Ato Público em homenagem ao DIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, previsto para acontecer na próxima sexta feira, dia 20/8, foi cancelado.
Equipe em ação nas ruínas da Fazenda São Bernardino-Jul.2010-Acervo CLARINDO

Por outro lado, pretendemos realizá-lo brevemente, assim que obtivermos a devida autorização da Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu.

Aproveitamos para agradecer pelas manifestações recebidas ao nosso evento.

Cordialmente,

Paulo Clarindo
AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL
amigosdopatrimonio@gmail.com
(21) 2261-0012 / 3880-4257 / 9765-6038
17 de agosto - "DIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO"


Ruínas de pórtico na Av. Automóvel Club, B. Roxo-Jul.2010-Foto CLARINDO


Prezados amigos.



O AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL pretende promover no Centro de Nova Iguaçu (provavelmente em frente à Prefeitura), na Baixada Fluminense, um ato público em homenagem ao "DIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO", cuja comemoração ocorre no dia 17 de aosto. No entanto, nossa manifestação vai acontecer na próxima sexta feira, dia 20/8, prevista para iniciar pela manhã.

Igreja de Santo Antônio da Prata-Jul.2010-Foto CLARINDO


Durante a realização do ato público, faremos a exposição de uma maquete da Baixada Fluminense e uma exposição fotográfica.



Cordialmente,


C L A R I N D O


AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL


amigosdopatrimonio@gmail.com


www.amigosdopatrimoniocultural.blogspot.com


(21) 9765-6038 ou 2261-0012 ou 3880-4257 ou 2656-9810
Reserva Biológica do Tinguá – história e natureza, num cenário de riqueza e tristeza




Encravada na Serra do Mar, no Sudeste Brasileiro, a Reserva Biológica do Tinguá vem cumprindo papel fundamental ao longo de nossa história. Sua área territorial compreende 26 mil hectares de Mata Atlântica, fazendo limites com Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Petrópolis e Miguel Pereira. Ela é identificada como importante bacia produtora de água potável, desde os tempos do Império. Foi em 1880 que o imperador D. Pedro II inaugurou a rede de captação que levou, em poucas semanas, a água das nascentes de Rio d’Ouro, Xerém e Tinguá até a capital, o Rio de Janeiro, que padecia de uma enorme seca provocada pelo desmatamento da Floresta da Tijuca. O engenheiro Paulo de Frontin foi o responsável por essa façanha, realizada pelo braço escravo.

Anos após a queda da monarquia, em 1941, criou-se a primeira unidade de proteção ambiental que se tem notícia naquela região. O governo Getúlio Vargas decretou a Serra do Tinguá como “Floresta Protetora da União”, tendo em vista a proteção integral de seus recursos hídricos. Um total de 12 aquedutos e represas de captação dão a noção exata da grandeza e importância dela para o abastecimento, atualmente cobrindo a Baixada Fluminense e aproximadamente 60% da população do Rio, como bacia contribuinte do rio Guandu.

Em 1989, após expressiva mobilização social organizada e liderada por ambientalistas e moradores da região, com o apoio de universidades como a UFRRJ e a UERJ, além de sindicatos e entidades da sociedade civil da Baixada Fluminense, o governo José Sarney, através de um decreto federal datado de 23 de maio de 1989, transformou o Tinguá em Reserva Biológica, cujo objetivo é a proteção de amostra representativa da Mata Atlântica e demais recursos naturais nela contidos, com especial atenção para os recursos hídricos, além de proporcionar o desenvolvimento de pesquisas científicas e educação ambiental.

Tal proposta aprovada pelo governo acabou por tornar a Rebio-Tinguá a primeira e única Unidade de Conservação do país criada a partir da vontade e da pressão popular, expressa no movimento intitulado “Pró Reserva Biológica do Tinguá” ocorrido há 21 anos e que reuniu 10.000 assinaturas num abaixo-assinado encaminhado ao governo. Um feito inédito. Já naquele momento, o povo rechaçava a idéia de um “parque nacional” na região, proposta patrocinada por grupos econômicos interessados em transformar a floresta do Tinguá num pólo ecoturístico.

Duas razões básicas justificaram a opção da população a pela Reserva Biológica: a primeira foi a questão dos recursos hídricos, representada pela presença, em seu interior e no entorno da UC (unidade de conservação) das represas e aquedutos da época do Império, e que até hoje funcionam em perfeitas condições. Por seu formidável potencial hídrico, a Rebio-Tinguá foi classificada, em 1993, como Patrimônio Natural da Humanidade, na categoria de Reserva da Biosfera, pelas Nações Unidas, via UNESCO. A outra justificativa não menos importante referia-se à presença de duas linhas de oleoduto e uma de gasoduto da Petrobras, que atravessam grande parte do subsolo da floresta, constituindo-se em grave risco de incêndio e poluição.

Na época, os defensores da Reserva Biológica asseguravam que não eram contrários à visitação pública naquela região, desde que fosse para fins de educação ambiental. Até hoje, pesquisadores, alunos de diversas escolas, grupos familiares e pessoas comuns têm podido visitar a Reserva, com expressa permissão das autoridades ambientais daquela UC, hoje subordinada ao ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão do governo federal que sucedeu o Ibama na gestão de parques e reservas do país.

Outros aspectos importantes também confirmaram e reforçaram a tese da necessidade de transformar o Tinguá em área de uso restrito. A descoberta do menor anfíbio do mundo, o sapo-pulga, feita no interior da Reserva pelo pesquisador Eugenio Izecksohn, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A madeira tapinhoã, a bromélia e o mineral tinguaíto, endêmicos na região, também comprovam a exuberância e a riqueza de sua biodiversidade. Muitas espécies em Tinguá ainda não foram catalogadas pela Ciência, e outras já se encontram em processo de extinção, como a onça parda.

Já eram comuns, desde antes de sua criação, as práticas criminosas contra o meio ambiente dentro e no entorno da reserva. Caçadores, palmiteiros, ladrões de areia, pedreiras clandestinas, passarinheiros e carvoeiros sempre marcaram presença de forma nociva, tanto no processo de saque e predação dos recursos naturais como na destruição da flora e fauna locais, incluindo-se nesse rol algumas preciosas vidas humanas covardemente ceifadas. O maior exemplo nesse caso foi o ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro, assassinado covardemente por um caçador em 2005 próximo a um dos portões de acesso à Rebio-Tinguá. SeuJúlio, como era carinhosamente chamado na comunidade de Tinguá, era um militante ambientalista e aguerrido defensor da região, que não dava tréguas aos agressores da floresta, denunciando-os às autoridades policiais e ao Ministério Público. Pagou com a vida por seu idealismo e amor extremo à Rebio-Tinguá.

Decorridos 21 anos de sua criação, o inventário de perdas e o quadro de caos e abandono é o cenário dominante na unidade, no que tange à sua proteção e conservação. De lá pra cá, a falta de políticas públicas para o meio ambiente tem sido a tônica dos governos que se sucedem, demonstrando pouca ou quase nenhum interesse ou motivação pela questão ambiental. A exemplo das demais unidades de conservação do país, a Rebio-Tinguá sofre com a falta de recursos próprios, uma vez que não possui autonomia financeira e administrativa, estando dependente da verba mensal repassada pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos. A unidade dispõe de apenas 4 agentes para o trabalho de fiscalização e combate aos ilícitos ambientais, com viaturas circulando em estado precário. Há carências também de equipamentos de radiocomunicação, tornando ainda mais difícil e complicada a tarefa de proteger um patrimônio que é de toda a Humanidade.

Recentemente, em janeiro desse ano, uma luz acendeu-se na escuridão do descaso e da falta de compromisso governamental. O Ministério do Meio Ambiente nomeou o policial Josimárcio Campos de Azevedo como o novo chefe da Rebio-Tinguá. Coincidentemente, no mesmo momento em que rumores dão conta de que o governo pretende recategorizar a Reserva Biológica do Tinguá, para então transformá-la em parque nacional, visando atender àqueles mesmos interesses econômicos de 21 anos atrás, que se levantaram de seus túmulos para voltar a assombrar a reserva e ameaçar sua riqueza biológica e hídrica.

Josimárcio, que já atuou como policial militar lotado no DPO de Tinguá, parece não ter se impressionado com o fato. Prova disso é que não vem dando trégua aos inimigos da natureza, efetuando prisões de caçadores, palmiteiros e passarinheiros que agiam impunemente na reserva e em seu entorno. Armas e armadilhas de caça, como trabucos e espingardas, vem sendo diariamente apreendidas, num trabalho digno de elogios e aplauso da população. Cumpre registrar também a ajuda que tem recebido do Batalhão da PM florestal e da delegacia de Polícia Federal em Nova Iguaçu, na pessoa do delegado Alexandre Saraiva, outro que vem se destacando no trabalho de proteção e guarda da floresta. Para breve, está prevista a instalação de um posto avançado da PF na Reserva, próximo à Xerém, em Duque de Caxias. Além do esforço na tarefa de patrulhamento, o novo chefe da UC tem se dedicado a reativação do Conselho Consultivo da Rebio-Tinguá, órgão criado por lei para assessorar e ajudar na gestão da UC. Entre suas tarefas, cabe ao conselho a implantação do Plano de Manejo, que vai viabilizar os recursos materiais e humanos para que a Reserva do Tinguá saia do papel.

Ambientalistas ligados ao Fórum Ecossocial da Baixada Fluminense vem atuando com insistência para anular as manobras de bastidores que vem sendo tramadas para recategorizar a reserva. O ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, vem sinalizando e trabalhando de forma mais ou menos ostensiva em favor da proposta pró-parque, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente.

Uma das formas que os defensores da reserva encontraram para combater a idéia foi o recolhimento de assinaturas em abaixo-assinado, da mesma forma que há 21 anos. Primeiramente, em papel, e mais recentemente na forma on line, onde se pode assinar digitalmente em http://www.petitiononline.com/tingua/petition.html

A Reserva Biológica do Tinguá, como expressão e símbolo de uma conquista popular, segue seu destino. A mesma polêmica que cercou sua criação agora está de volta, muito por culpa da gestão anterior da unidade, que não soube ou não quis dar respostas às imensas demandas sociais e ambientais acumuladas ao seu redor. Podemos, sem medo de errar, chamá-la de nossa Amazônia do Sudeste, o nosso pulmão verde da Baixada Fluminense.

Poucos são capazes de avaliar a real dimensão de sua importância no cenário de história, beleza natural e tristeza, reinantes naquele lugar.



Ricardo Portugal

Jornalista e ambientalista do Fórum Ecossocial da Baixada Fluminense




Resumo do artigo “REBIO do Tinguá: história e natureza num cenário de riqueza e tristeza”, do jornalista e ambientalista Ricardo Portugal


Paulo Clarindo

AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL



A área da REBIO do Tinguá possui 26 mil hectares de Mata Atlântica, fazendo fronteira com os municípios de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Petrópolis e Miguel Pereira.

O jornalista e ambientalista Ricardo Portugal acrescenta que os mananciais de Tinguá e Xerém representam “...importante bacia produtora de água potável desde os tempos do Império. Foi em 1880 que o Imperador D. Pedro II inaugurou a rede de captação que levou, em poucas semanas, a água das nascentes de Rio d’ Douro, Xerém e Tinguá até a Capital, o Rio de Janeiro, que padecia de uma enorme seca provocada pelo desmatamento da Floresta da Tijuca...” (PORTUGAL, Ricardo. Jornal de Hoje, de 03/8/2010). A façanha da busca pela água para dessedentar o carioca coube aos engenheiros André Gustavo Paulo de Frontin e Raimundo Teixeira Belfort Roxo no episódio que ficou conhecido como “a água em seis dias”.

1041 – A Serra do Tinguá é classificada pelo governo de Getúlio Vargas como “Floresta Protetora da União”, “...tendo em vista a proteção integral de seus recursos hídricos. Um total de doze aquedutos e represas de captação dão a noção exata da grandeza e importância dela para o abastecimento, atualmente cobrindo a Baixada Fluminense e aproximadamente 6O% da população do Rio, como bacia contribuinte do rio Guandu...”

A REBIO do Tinguá foi estabelecida em 23/5/1989, durante o governo de José Sarney. Nas palavras de Portugal, foi “...a primeira e única unidade de conservação do país criada a partir da vontade e da pressão popular...” , tendo em vista a mobilização social ocorrida há 21 anos – o “Pró Reserva Biológica do Tinguá”, que resultou num abaixo assinado contendo dez mil assinaturas entregue ao governo federal. Um ato de heroísmo de ambientalistas da Baixada Fluminense até hoje lembrado e comemorado.

Ricardo Portugal comenta a respeito da existência àquela época de “...grupos econômicos interessados em transformar a floresta do Tinguá num pólo ecoturístico”, tendo em vista a proposta da criação de um parque nacional na região.

1993 – A REBIO do Tinguá é classificada pela UNESCO “Patrimônio Natural da Humanidade, na categoria de Reserva da Biosfera”.

Os defensores daquela unidade de conservação como REBIO não seriam contrários à visitação pública, “...desde que fosse para fins de educação ambiental”.

O menor anfíbio do mundo – o sapo-pulga – foi identificado na REBIO do Tinguá pelo pesquisador da UFRRJ, Eugênio Izecksohn, da mesma forma que “...a madeira tapinhoã, a bromélia (?) e o mineral tinguaíto são endêmicos na região” compreendida pela reserva.

A falta de políticas públicas para o meio ambiente: não há “interesse ou motivação pela questão ambiental”.

Em meio ao caos, à desordem e à ausência de apoio do governo federal, no entender de Portugal, eis que surge uma luz no fim do túnel, com a nomeação do policial Josimarcio Campos de Azevedo para o cargo de chefe da REBIO do Tinguá. A chegada de Josimarcio parece trazer um alento para a incansável luta pela e a manutenção da integridade física daquela unidade de conservação. Participando mais de perto dos ambientalistas que se dedicam a essa causa nobre, percebe-se que a presença, agora, de uma pessoa com mais desenvoltura e preocupada com os problemas da REBIO do Tinguá, parece trazer consigo a esperança e a motivação para resolução de impasses e dificuldades há anos relegados a terceiro plano.

A reativação do Conselho Consultivo da REBIO do Tinguá: “...entre sua tarefas, cabe ao conselho a implantação do Plano de Manejo, que vai viabilizar os recursos materiais humanos para que a Reserva do Tinguá saia do papel.
Fazenda São Bernardino: abandono e depredação
Fazenda São Bernardino em 1977

Prezados amigos e apaixonados pela Fazenda São Bernardino.

No último sábado,dia 07/8, durante a Reunião para composição do Conselho Consultivo da REBIO do Tinguá, tomamos conhecimento de uma denúncia dando conta do furto de tijolos das ruínas da Fazenda São Bernardino. Além disto, a pessoa que nos relatou o fato foi ameaçada de morte.

Diante do acontecimento, o que nos cabe no momento é acionar a Polícia Federal em Nova Iguaçu, o Ministério Público Federal e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN para que tomem as medidas cabíveis. Não podemos ficar calados diante de mais uma agressão a um importante bem cultural da Baixada Fluminense. Enquanto a família Gavazzi briga na Justiça contra o Poder Público Municipal pela posse definitiva daquelas ruínas e seu território, além do pedido de indenização, o monumento permanece no mais completo abandono e esquecimento. A falta de cultura e de educação do povo contribui para tombar no sentido literal da palavra o que nos restou daquela que fora a mais imponente propriedade no território da outrora Vila de Iguassu, berço do atual município de Nova Iguaçu e de alguns outros da Baixada Fluminense. Infelizmente, parece que estamos assistindo passivamente a sua derrocada final.
Ruínas da Fazenda São Bernardino-julho de 2010-CLARINDO

Cordialmente,

Paulo CLARINDO
AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL
DESRESPEITO À MEMÓRIA SUBURBANA





Matéria assinada pelo jornalista Luiz Ernesto Magalhães - O GLOBO de 03/08/2010


Prezados amigos.

Lamentavelmente fomos pegos de surpresa com a notícia acima dando conta do DESTOMBAMENTO, DESAPROPRIAÇÃO e DEMOLIÇÃO de antigos imóveis localizados no Largo do Campinho, bairro de mesmo nome, Subúrbio da Cidade do Rio de Janeiro. Ainda não sabemos se os imóveis em discussão já foram destombados pelo senhor Prefeito. Apesar deste ter o poder de destombar qualquer imóvel em nome do progresso, tem necessariamente que encaminhar suas intenções ao Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural, como determina a legislação de patrimônio cultural. Se, por outro lado, Eduardo Paes - o prefeito -, o fizer à revelia, estará cometendo um desrespeito ao CMPPC e à legislação específica, o que configura ato inconstitucional. É o que nós entendemos no momento.

O Conjunto Arquitetônico do Largo do Campinho, datado de 1914, segundo o Guia do Patrimônio Cultural Carioca: Bens Tombados 2008, "...em estilo eclético, teve seu esplendor no início do século passado, evidenciado pelo poder comercial local, principalmente pelo desenvolvimento do Mercado do Campinho, que nesses primeiros anos constava como líder na distribuição e venda da maioria dos produtos agropecuários da cidade. A imponência dos prédios representa simbolicamente uma época de grande prosperidade"(p.180). O referido conjunto, situado entre o números 3 e 21 do Largo do Campinho, foi tombado pelo Poder Público Municipal através do Decreto nº 24.560, de 25/8/2004, fruto da luta e iniciativa do abnegado pesquisador de Madureira CARLOS ALBERTO MEDA, que havia recomendado por escrito ao então prefeito Cesar Maia a proteção àquele conjunto.

Outro bem cultural protegido pelo mesmo decreto municipal e também ameaçado de DESTOMBAMENTO, DESAPROPRIAÇÃO e DEMOLIÇÃO é a antiga ESTALAGEM DO CAMPINHO, localizada no nº 452 do Largo do Campinho. Apesar de descaracterizada, remonta ao período colonial. Ali teria se hospedado por diversas vezes Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes durante suas vindas ao Rio de Janeiro.

Em completa situação de abandono e localizado nas proximidades do Largo do Campinho, na avenida Ernani Cardoso, está o imóvel denominado "ANTIGO FORTE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA DO CAMPINHO", ocupado até bem pouco tempo por uma unidade militar do Exército Brasileiro. Data o mesmo do século XIX (1822 ou 1823), tendo a possibilidade de já ter funcionado como "fortim improvisado"  no século XVIII. Este imóvel, apesar da sua importância histórica - no final do século XIX funcionou no local o Imperial Laboratório Pirotécnico e, já na República Velha, o Laboratório Pirotécnico do Exército -, não foi tombado por nenhum órgão público, apesar dos insistentes pedidos do GRUPO DE PESQUISA DO SUBÚRBIO CARIOCA.

Em virtude das ameaças, desrespeito e desprezo ao patrimônio cultural e à memória dos subúrbios do Rio de Janeiro (o tratamento é diferenciado em relação ao patrimônio cultural da Zona Sul e do Centro do Rio!), conclamo a todos numa verdadeira união e no apoio para impedir que o mesmo Poder Público Municipal que tombou o Conjunto Arquitetônico do Largo do Campinho o destombe sob o pretexto de que no local será construído o tal  "TRANSCARIOCA" (corredores excluisivos ligando a Barra da Tijca ao Aeroporto Internacional do Galeão), um dos primeiros passos visando preparar a cidade para a Copa do Mundo de 2014. Houve alguma Audiêndia Pública para tratar do assunto?  O Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural foi ouvido como determina a legislação de patrimônio específica? As comunidades afetadas pelo projeto foi consultada a respeito? Em se tratando de obras de grande porte, serão comunicados e consultados o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB/CAPÃO DO BISPO), visto que aquela área, por sua proximidade ao antigo Forte do Campinho e à Igreja de N. S. da Conceição do Campinho (também tombada pela municipalidade), pode apresentar vestígios arqueológicos (artefatos e estruturas), além do fato de que a Avenida Ernani Cardoso e a Estrada Intendente Magalhães representam parte do trajeto da outrora Estrada Real de Santa Cruz?

Comunicaremos o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Imprensa escrita e televisada a respeito dos fatos aqui evidenciados.

Cordialmente,

Paulo CLARINDO
AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL
GRUPO DE PESQUISA DO SUBÚRBIO CARIOCA
(21) 9765-6038 ou 2261-0012 ou 3880-4257